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  • Foto do escritorAna Carolina Freitas

Paris Fashion Week 2019-2020

Atualizado: 4 de abr. de 2020

Revisão de alguns desfiles da Paris Fashion Week, Primavera-Verão 2019-2020

Elie Saab


Extravagante e sempre com bordados elaborados, Elie Saab representa uma das marcas mais glamorosas de toda a indústria da moda. Nesta última estação, o designer libanês, inspirou-se na cultura afro-americana, em especial na era dos anos 70, e trouxe consigo vestidos e túnicas com padrões variados e tipos da região em tafetá e renda. Outro destaque nesta coleção foram os diversos acessórios coloridos que adornavam as modelos como colares e turbantes.


Num mundo onde cada vez mais a palavra “diversidade” está presente, as opiniões divergem quanto a sua utilização como inspiração para finalidades artísticas, muitos encaram a situação como apropriação cultural. Porém a meu ver, devemos deixar essas características negativas de parte e olhar para tal feito como uma homenagem à cultura em questão.





Ralph and Russo


Nesta coleção Tamara Ralph e Michael Russo procuraram traçar um novo caminho. A classe, a elegância e o luxo foram mantidos, porém o principal foco desta vez estava na praticabilidade e no conforto. Os tons pastel vigoraram num cenário rosa forte, e entre penas e brilhos, fomos transportados para uma espécie de casa da Barbie da Alta Costura.


Muitas das grandes recentes tendências marcaram presença. Peças de tule transparente e de seda entraram em furor conjugados com botas de cano alto ou daddy sneakers e malas onde só cabem um par de chaves continuaram a adornar os mais variados looks assim como as bandoletes repletas de brilhantes e pérolas.


Uma coleção milenial com vibes de bohoo chic e estilos formais onde o conforto foi a estrela da noite.



Valentino


Conhecido pelo uso de cores vibrantes e silhuetas volumosas, Pierpaolo Piccioli, tomou um novo rumo com a Valentino e trouxe-nos desta vez uma coleção mais clean. A primeira parte foi inteiramente branca, com vestidos-camisa e blusas aos folhos. Esta, abriu caminho para o surgimento de looks com tons mais vibrantes que seguidos desta transição ainda deu mais enfase a cor que suportavam.


Para finalizar um conjunto de vestidos de gala brancos voltaram a traçar caminho por dentro das gigantes filas de pessoas que assistiam ao desfile, contudo desta vez estes foram adornados com pequenos toques de cor (quer em penas ou aplicações)


O monocromático reinou em todos os looks, o que permitiu a Pierpaolo, criar uma coleção simplista sem perder a essência da Valentino.





Givenchy


Claire Waight Keller nomeou o seu mais recente desfile como uma reconstrução da ousadia da cidade de Nova Iorque nos anos 90 através das lentes da elegância parisiense. Uma coleção de completos opostos, onde tanto podemos encontrar um estilo mais descontraído (como o uso de calças de ganga e sapatos rasos) como um estilo mais formal ( blusas, vestidos volumosos e saias lápis de pele).


Toda a ganga utilizada no desfile foi reaproveitada por Claire, de peças que a mesma adquiriu nos arredores de Paris. O tecido foi utilizado para dar origem a saias, casacos e culotes. “Estamos sempre a falar de que a moda pode ser mais consciente”; “Todas estas peças são únicas e têm um certo toque de raridade e autenticidade. É uma peça que já viveu outra vida”


A meu ver, entendi a ideia que quis transmitir e acho incrível termos mais uma designer rendida à preocupação ambiental. Porém tomo a Givenchy como uma das minhas marcas de eleição devido à sua elegância e classe algo que não me foi possível observar neste desfile, o que desiludiu as minhas expectativas.




Chanel


“Os telhados de paris lembram-me da atmosfera da Nova Onda (movimento artístico do cinema francês” – Virgine Viard’s, explica deste modo o cenário que escolheu para o seu mais recente desfile com a marca Chanel. O Grand Palais transformou-se numa paisagem urbana de telhados de zinco parisienses, onde modelos desfilaram com vestidos-blazer com meias calças opacas pretas , saias volumosas, camisolas malha e casacos compridos.


Muitos comparam o trabalho de Virgine ao falecido representante da marca Karl Lagerfeld pois ambos tinham objetivos diferentes para a marca. Enquanto que Karl optava por tornar todos os looks o mais clássicos possíveis, Virgine opta pelo conforto (algo que tem sido tendência nestes últimos tempos). As modelos andam com cabelos soltos, looks relaxados e maioritariamente sapatos rasos. Uma nova viragem na marca sem dúvida, contudo discordo com os demais e acho que Virgine tem feito um excelente trabalho, pois está a dar o seu toque pessoal numa marca que agora lhe pertence sem perder a essência da mesma. Tal feito prova-se nesta mesma coleção que grita “Tipicamente Francês” em qualquer look.



Alexander McQueen


“Eu adoro a ideia das pessoas terem tempo para fazerem coisas juntas, tempo para se encontrarem e conversarem, tempo para se reconectar com o mundo” -SB


Foi preciso quase uma cidade inteira para fazer o mais recente desfile da Alexander McQueeen, estando à responsabilidade de Sarah Burton tornar esse feito realidade. A designer foi até à Irlanda trabalhou com alguns dos últimos tecelões de linho de damasco, trabalhadores de fábricas de besouros e produtores de linho (para usar técnica do “besouro” uma arte em desuso que coloca um brilho natural no linho obtido através da prensagem”).


Embora quisesse afastar-se dos bordados nesta coleção, Sarah Burton, inspirou-se em flores em vias de extinção encontradas no Kew Gardens e em padrões ilustrativos criados por estudantes nas aulas que a marca organizou por Londres para fazer alguns looks. Restos de renda, tule e organiza de coleções anteriores foram ainda reaproveitados, para criar os folhos em tons de ostra que saiam das silhuetas personalizadas dos blazers.


Num cenário musical proporcionado pela orquestra contemporânea de Londres, a comunicação e o trabalho de equipa foram enraizados nesta coleção. Focada no trabalho manual e tradicional e em tudo o que começa a ser desvalorizado na nossa sociedade, Sarah destacou-se pelos demais pela sua criatividade esplendida e pela forma como abraça a diversidade ao colocar na passerelle modelos de várias etnias e formatos corporais.



Off White


Apesar de não ter comparecido ao desfile por razões de saúde, Virgil Abloh, fez questão de marcar a sua presença em todo o lado. Com o tema “Chuva de Meteoros”, o designer criou uma coleção com base neste fenómeno astral e no poder feminino.


Peças de formas simples e de cortes redondos (semelhantes a um ataque de meteoro) serviram para mostrar a admiração milenar pelo minimalismo dos anos 90. Algumas tendências de street wear também pisaram a passerelle, como fanny packs, chapéus de basquetebol e padrões tye-dye. Para além deste tema, o desfile abordou ainda a promoção da educação nos jovens, algo que foi manifestado logo no início do desfile com uma gravação de Dr Mae Jemison, a primeira mulher negra a viajar no espaço. O seu objetivo seria então mostrar as gerações mais novas que tudo se consegue alcançar através dos estudos.


Uma marca direcionada para os fãs da Street Wear, onde confort is key.




Miu Miu


O desfile em Paris da Miu Miu continuou a exploração por parte da designer da casa mãe Miuccia Prada, sobre o valor das roupas numa época onde a indústria da moda está a enfrentar os problemas do impacto ambiental.


Com uma coleção simplista, onde pudemos observar casacos de cetim com botões semelhantes a pins e cardigãs de lã usados com vestidos estilo avental. Prada descreve o desfile como “ algo cru, simples, ingénuo, nada de mais”, onde segundo ela, apresenta sugestões de como as pessoas se podem vestir porém depois disso “são livres para fazer o que quiser”.





Louis Vuitton


Foi o desfile que encerrou esta semana da moda. Localizado no Louvre, teve inicio com uma projeção de vídeo da artista escocesa Sophie a cantar contra um por do sol no fundo. Nicolas Ghesquière designou a sua nova coleção como “uma nova Belle Époque”, um período de cultura cosmopolita na Europa que começou no final do século XIX e durou até ao início da Primeira Guerra Mundial, marcada por grandes transformações culturais que levaram a novas formas de pensar e de viver.


Ghesquière refletiu essa ideia numa coleção efervescente onde modernizou aspetos da época tomada como inspiração. Entre ombros volumosos, mangas balão e vibrantes estampados abstratos (emprestados de pinturas da Art Noveau )– o designer anunciou uma era da marca onde e a individualidade e a diversidade ganham destaque.


Contrastando com estações anteriores o set deste desfile foi mantido dentro da simplicidade. O palco foi construído com madeira proveniente de florestas criadas de forma sustentável na região francesa de Landes, que posteriormente seriam recicladas, o que marcou o fim de uma semana onde as casas de moda francesas destacaram os seus hábitos mais conscientes em relação ao nosso planeta.

Como um tele transporte para os loucos anos 20, Nicolas, procura mostrar nesta coleção que não há um amanhã sem que se aprenda com o passado, em todos os aspetos.





Xo Xo

Ana Carolina Freitas

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