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Foto do escritorAna Carolina Freitas

London Fashion Week 2019-2020

Atualizado: 4 de abr. de 2020

Nota: Fiz uma seleção dos 10 desfiles que mais captaram a minha atenção durante esta semana da moda, porém se procuram saber mais informações sobre outros desfiles aconselho a verem o post do blog Cyber Fashion (link)


Revisão de alguns desfiles da London Fashion Week, Primavera-Verão 2019-2020


Halpern

Michael Halpern nasceu em Nova Iorque e estudou na Parsons School of Design, o que lhe abriu portas para começar a trabalhar como assistente para a J.Mendel e Oscar De La Renta. Porém foi em Londres que o caminho para o sucesso começou a ser traçado. Dando continuidade aos estudos na Central Saints Martins, onde desenhou a coleção que captaria a atenção de inúmeras figuras da moda tais como Donatella Versace, para quem trabalhou como consultor.


Conhecido pelos seus desfiles repletos de luz, Halpern continuou o centro dos holofotes nesta nova coleção. Casacos de ópera volumosos, capas arrebatadoras e uma variadíssima quantidade de vestidos gala e cocktail reluziam entre lantejoulas e cristais – não muito diferentes os candelabros antigos que preenchiam o background do desfile.


Vibrantes recuos a um passado deram asas a um glamour noturno, mais propriamente às histórias da sua mãe na era da Disco tidas como grande inspiração. “ Eu acho que há um certo nível de coragem que se perdeu em vestir um vestido bonito…quero que as minhas amigas estejam num bar a usar um par de calças brilhantes, ou um mini dress e que se sintam perfeitas” – Michael Halpern para a Another Magazine



16ARLINGTON


Fundada por Marco Capaldo e Kikka Cavernati, é uma marca de luxo feminina londrina. Criada no apartamento do casal em Arlington Street, situado junto a um club noturno, é a perfeita junção de dois estilos individuais: onde o glamour exacerbado se junta a um cool girl britânico. Criações feitas para despertar a party girl que há dentro de cada uma de nós.


Apelando as suas raízes italianas, Capaldo e Cavernati, inspiraram-se na cantora Raffaella Carrá para a coleção de primavera verão 2020. A sua excentricidade iluminou uma cave escura no centro de Londres, ao realizar um throwback a Itália na época de 60: tecidos transparentes, lenços de cabeça, penas, lantejoulas e padrões em espiral adornavam o corpo das modelos que dançavam pela pista como se ninguém as visse.


“Foi um bom momento para trazer a nossa herança. Raffaella Carrà é a rapariga italiana que continua a servir. Exuberante e talentosa cantora/dançarina. Nós apenas quisemos acrescentar esse estilo de vida às nossas roupas”.



Temperly London


Alice Temperly fundou a sua marca em 2000, um ano após concluir os estudos na Royal College of Art. Temperly London é caracterizada pela boémia moderna, de atitude confiante e feminina sem esforço, mantendo-se fiel as suas origens britânicas. Pioneira de técnicas artesãs e detalhes manuais, Alice foca as suas criações em roupas femininas de dia a dia, de cocktail e roupas noturnas. A marca possui ainda um atelier de vestidos de casamento.


Contudo nesta coleção deu-se uma reviravolta. Foi na London fashion week de 2019 que Temperly mostrou ao mundo que a sua marca iria tomar um novo caminho: a partir daqui a marca estaria focada em roupa de dia a dia o que teria como resultado uma redução drástica de preços. Roupa fresca e jovem que radiava alegria contemplou todo o espaço, desde vestidos estampados, a jeans largos, quimonos e blusas que nos tele transportavam para as incríveis zonas rurais inglesas no maior estilo.


Looks mais simples, mais curtos, mais leves e mais baratos levaram a uma coleção menor, porém Temperly não deixou de parte os grandes fieis aos looks noturnos e exibiu 10 vestidos de noite de épocas passadas que ainda podem ser adquiridos pelo consumidor.



Fashion for Relief


Fashion for Relief é uma associação de caridade criada por Naomi Campbel em 2005, depois de ter sido inspirada pelo seu amigo e mentor Nelson Mandela. Trata-se de sociedade que une a indústria da moda às mais variadas causas humanitárias, desde a luta contra o Ébola a ajuda aos afetados pelo furacão Katrina e pelo terramoto no Haiti. Este ano contou com a Mayor’s Fund for London e a UNICEF como colaboradores num evento patrocinado pela Chrome Hearts e Gucci. O seu objetivo está centrado na angariação de fundos para crianças desfavorecidas em Londres e pelo mundo.


“Acreditamos que todos os jovens, independentemente das suas origens devem ter a oportunidade de satisfazer os seus potenciais” – Mayor Sadiq Khan


Todos os anos Campbell dá uso ao seu nome e carreira para realizar um evento onde convida todos os grandes nomes da moda. Para além do desfile, há ainda um jantar, um leilão e uma performance musical, tudo com o intuito de angariar fundos para a FFR. Porém não são só os convidados que podem fazer doações, qualquer um pode tomar o seu papel quer seja ao comprar um bilhete para o desfile quer seja em doações realizadas através do site Fashionforrelief.org.


Cores vivas, vestidos e fatos volumosos, metalizados, cortes exuberantes e excêntricos, decotes assimétricos e transparências encheram a passerelle das mais recentes tendências, marcando assim mais um ano de dádivas aos que mais precisam.

“O que torna este evento tão especial é que todos os que nele participam estão lá porque querem e não por obrigação” – Naomi Campbell



Victoria Beckham


O cenário da moda britânica é preenchido por estilistas empreendedoras e autónomas e claro que Victoria Beckham ganha o lugar de destaque nesse aspeto. Envolver as mulheres em empatia, soluções fáceis e chiques é o principal objetivo de uma das marcas que mais deu que falar nestes últimos anos.


A coleção inspirada na alfaiataria dos anos 70 trouxe também vestidos em seda cobertos de folhos que esvoaçaram pelo Foreign and Commonwealth Office. Numa paleta de neutros Victoria implementou pequenos salpicos de cor especialmente em jóias.


“Há uma estranheza que resulta… Todos os neutros em conjunto parecem um pouco errado – mas é isso que os torna certos” - VB


Nunca foi pessoa de seguir os gostos de outros, fixa das suas próprias ideias, procura através da sua marca melhorar a autoconfiança e auto estima das mulheres que a rodeiam. De silhuetas simples os seus designs refrescaram a tarde de um setembro quente em Londres.


“Se eu posso dar às mulheres a confiança para usar verdes, roxos ou padrões xadrez, eu acho que é incrível” – VB



Marques’Almeida


Uma marca criada para responder a um mercado em crescimento de moda de luxo do diária, natural e relevante. Nasceu através da ideia de dois designers Portugueses Marta Marques e Paulo Almeida, de que houve uma mudança na definição de luxo de alta qualidade nomeadamente no consumidor mais jovem.


Na coleção primaveril 2019-2020 mostraram que o punk voltou a estar em alta. Uma sensação de grandeza foi sentida nas saias volumosas de cetim, nos pijamas enfeitados com penas, nos casacos de couro e peças de ganga desgastadas – que segundo a marca são produzidos de forma ética e sustentável em sistemas de água fechada. Todo este cenário foi intensificado com filmes de Alfred Hitchcock e pequenas curtas de antigas estrelas de Hollywood que passavam no background.



David Koma


Não há nada como assistir a uma modelo num macacão de lantejoulas zebra a desfilar por um conjunto de mulheres em vestidos cocktail cobertos de cristais na primeira fila, as 10 da manhã de um domingo. Um espetáculo que não deixa nem a pessoa mais casual indiferente. É nos corpetes e nos bodys que David Koma prospera, não seriam estas peças justas e curvas que funcionam quase como uma segunda pele, um êxito em Hollywood. Para esta primavera os brilhos tiveram o seu destaque usual, assim como os cortes poucos usuais e assimétricos das suas roupas.


David Koma um designer da Georgia, mudou-se para Londres em 2003 e frequentou a Central St. Martins College of Art and Design depois de ter estudado Fine Art em St.Petersburg e ter apresentado a sua primeira coleção aos 15 anos. De 2013 até 2017 Koma foi o diretor criativo da casa Mugler.



Burberry


Nascido em Itália, Ricardo Tisci estudou na Central Saint Martins em Londres e o seu trabalho mais conhecido teve lugar na casa Givenchy, onde foi o diretor criativo desde 2005-2017. A contribuição do designer italiano trouxe uma nova identidade para a casa que recebeu imensos elogios de críticos. Entusiasta da individualidade, Tisci ganha destaque por incluir uma vasta diversidade de modelos de diferentes etnias culturais nos seus desfiles e campanhas.


O tema desta coleção centrou-se na evolução. Tisci apresentou para a primavera 2020, um lado mais relaxado e melhorado da casa Burberry. Fatos monocromáticos em tons cinza e bege e gabardinas compridas centraram a base na qual a marca britânica foi construída, enquanto camisas de rugby oversized, capuzes com cristais, peças cobertas em franjas e detalhes cintilantes davam lugar a uma visão mais divertida de Tisci, que criou uma coleção amiga do ambiente, certificada como neutra em carbono.


“Nós compensamos impactos como os voos dos convidados que viajam para Londres especificamente para o show e a construção e produção do evento, por certificações VCS e Projetos REDD que evitam o desflorestação e conservam a floresta tropical da Amazônia”. Apesar de nunca ter especificado o quão politicamente ativo nos casos de proteção ambiental é, Ricardo Tisci, aponta que marcas globais devem tomar o lado da defesa climática e a posição de produzir uma coleção neutra em carbono demonstra a consciencialização da casa.



Osman


Com uma mãe alfaiate e um pai carpinteiro, Osman Yousefzada já conseguia cortar e coser com precisão aos 10 anos, ganhando assim valiosas bases na técnica e na estética. O designer teve vários estudos, desde moda em St Martins a antropologia na Escola De Estudos Africanos e Orientais, o que lhe proporcionou uma mistura enriquecedora de teologias, rituais, arte e aspetos culturais além-fronteiras.


Com base na alfaiataria – sendo que as suas calças são um êxito pelo corte e conforto – Osman apresentou para a primavera 2020 fatos de cores variadas com cintos largos em tons monocromáticos, vestidos de cortes assimétricos e jogos de padrões diferentes.



Roland Mouret


De uma vida rural francesa, onde se esperava que fosse talhante tal como seu pai Roland Mouret abriu asas e mudou-se para a cidade. Um homem de contrastes que se mantém fiel as próprias raízes: “as minhas roupas são para uma vida na cidade, porém são feitas através das lãs e texturas das zonas campestres”.


Apaixonado pelo glamour das eras antigas, contudo sem nunca copiar o passado pois “ as mulheres de hoje querem seguir em frente”, Roland baseia todo o seu trabalho no destino que alcançou “ tudo o que o meu pai me ensinou para ser talhante tornou-me o designer que sou hoje. Respeito os músculos, ossos, gravidade, gordura, como a gravidade move a carne. Amo corpos e amo curvas.”


Roland juntou-se este ano com a Arch and Hook para produzir cabides sustentáveis. Oitenta por cento da sua composição é feita com plásticos marinhos reciclados, um avanço positivo no combate ambiental causado por muitos fatores na indústria da moda. Uma enorme diferença quando se considera quantos cabides acabam em aterros.


Os tons pastel e terrestres enquadram-se em harmonia com o cenário naturalista do desfile. O tema da sustentabilidade é notório nesta coleção, não tivessem as roupas um ar de bohoo chic que se pode levar para o escritório. Cintos que parecem cordas, vestidos largos e fluidos que não marcam silhuetas e tecidos esvoaçantes e delicados adornaram uma coleção direcionada para a consciencialização ambiental um dos mais graves problemas que enfrentamos nos dias de hoje.




Nota: Fiz uma seleção dos 10 desfiles que mais captaram a minha atenção durante esta semana da moda, porém se procuram saber mais informações sobre outros desfiles aconselho a verem o post do blog Cyber Fashion (link)



Xo Xo

Ana Carolina Freitas


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