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  • Foto do escritorAna Carolina Freitas

Alta Costura: a trilogia perfeita entre arte, história e inovação.

Atualizado: 4 de out. de 2020

Agulhas, linhas, tecido, imaginação, criatividade, excelência e relógios sem fim constroem a receita da Alta Costura. São estas as coleções que nos fazem sonhar, que nos teletransportam para outras realidades onde a loucura e a genialidade andam de mãos dadas (como uma Alice no país das maravilhas).


A semana da moda de Alta Costura ocorreu no passado mês de julho com coleções apresentadas online ou em espaços sem público. Apesar das condições atípicas não quis ficar indiferente ao acontecimento e trago-vos neste post uma breve explicação da área onde comecei a dar os meus primeiros passos do conhecimento neste grande livro que é a moda.


O começo

1858 foi o ano em que o costureiro britânico Charles Frederick Worth considerado por muitos o pai da Alta Costura, cunhou o termo “estilista” e estabeleceu a primeira casa de Alta Costura em Paris, onde vendia peças para mulheres de classe alta.


Mas nem todas as Maisons poderiam ser consideradas casas de alta costura. A hoje designada Fédération de la Haute Couture et de la Mode criou um conjunto de regras restritas que ainda hoje se mantêm em vigor e que determinam se uma etiqueta de alta costura poderia ser ou não considerada como tal. A peça tem de ser produzida à mão e por medida num ateliê com um mínimo de 20 funcionários. O designer é ainda obrigado a apresentar as suas coleções duas vezes por ano em Paris (vestuário de dia e formal de noite).

O Novo Look

A indústria da moda sofre uma nova reviravolta com os tempos de pós-guerra em 1947, onde Christian Dior implementa o retorno da feminilidade com o “New Look”. Criou silhuetas únicas, novos comprimentos, cinturas mais pequenas e volumes distintos, abrindo um novo capítulo na história da moda. Na altura já existiam por todo o mundo cerca de 47 mil clientes de alta costura.



Quem compra?

Atualmente este número está entre os 4 mil, uma descida muito grande dos 47 mil anteriores. Não estamos a falar de um setor qualquer. O ramo da Alta Costura é um negócio caro onde os preços ao contrário das coleções pronto a vestir são calculados pelo soma do custo do material e das horas necessárias para o realizar.


Por norma este tipo de cliente situam-se em países com maior poder financeiro como a Rússia, Médio Oriente e China, um local com um grande mercado de interesse para os designers de luxo. De acordo com um estudo da Bain&Company 35% de todas as compras de artigos de luxo em 2019 foram realizadas na China ou feitas por cidadãos chineses no exterior (apenas 2% a menos que os EUA e a Europa juntos).


Quais as maisons habilitadas a utilizar a insígnia da alta costura?

Já em 1970 devido às regras restritas impostas pela Fédération de la Haute Couture et de la Mode o número de casas de alta costura desceu para 19. Thierry Mugler e Christian Lacroix foram alguns dos grandes nomes a sair. Porém ainda nos dias de hoje esta restritividade é mantida não fosse a designação de “Alta Costura” protegida e revista todos os anos pelo Ministério da Indústria Francês.


São 16 os membros oficiais: Adeline André, Alexandre Vauthier, Alexis Mabille, Bouchra Jarrar, Chanel, Christian Dior, Franck Sorbier, Giambattista Valli, Givenchy, Jean Paul Gaultier, Julien Fournié, Maison Margiela, Maison Rabih Kayrouz, Maurizio Galante, Schiaparelli e Stéphane Rolland.


É ainda possível que maisons estrangeiras consigam a designação de alta costura por terem um atelier em paris. É o caso de Azzedine Alaïa, Elie Saab, Fendi Couture, Giorgio Armani, Valentino, Versace e Viktor & Rolf.


Em 1997, a Fédération decidiu atribuir a possibilidade de que outras marcas conseguissem apresentar as suas coleções na semana da alta costura, no entanto não lhes garante o direito de utilizar o título “Haute Couture”. Designados por “membros convidados” é um grupo que conta com marcas como a Azzaro, Guo Pei, Iris Van Herpen, Ralph&Russo, Zuhair Murad entre outras.


Apesar do seu crescimento continuo quer em número de vendas quer em clientes, a verdade é que não é um setor que agrade a todos os gostos e carteiras. É frequente ao ver um desfile de alta costura existir sempre alguém que pergunta “Quem é que usaria estas roupas?” ao qual respondo sempre da mesma maneira “quando vais a um museu vestes os quadros ou aprecias a arte?”.

E no fim do dia é isso mesmo que a alta costura é: a arte. É a capacidade de unir no mesmo espaço detalhes históricos, teatralidade e drama, é o que nos permite entrar na mente do designer e vaguear pela sua loucura, porque é a loucura que nos traz do excecional e o genial. E “enquanto existirem pessoas a procurar o excecional, vai haver Alta-Costura” - Toledano.


Desfiles que valem a pena mencionar



Fotos galeria: vogue runway


Xo Xo

Ana Carolina Freitas


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